Título: The red sequence at birth in the galaxy cluster ClJ1449+0856 at z=2
Autores: V. Strazzullo, E. Daddi, R. Gobat et al.
Instituição do primeiro autor: Ludwig-Maximilians University, Alemanha
Status: Publicado no ApJ Letters [acesso aberto]
Uma das primeiras descobertas sobre galáxias é que elas não estão distribuídas de maneira randômica no espaço. Assim como pessoas podem viver em cidades abarrotadas de gente ou em áreas rurais pouco habitadas, galáxias podem ser encontradas em aglomerados densos e compactos, em regiões difusas, ou em uma grande variedade de ambientes intermediários. Galáxias em diferentes ambientes tendam a ter diferentes propriedades, assim como as características demográficas de áreas rurais ou urbanas são distintas. Tipicamente, aglomerados de galáxias costumam ter mais galáxias elípticas vermelhas do que regiões pouco densas, que são dominadas por galáxias espirais azuis. Isso é conhecido como relação densidade-morfologia.
Uma maneira útil de comparar galáxias é por meio das suas magnitudes (medida de brilho) e cores (quão azul ou vermelha). A ferramenta comum para esse estudo é colocar várias galáxias em um diagrama cor-magnitude (ou CMD, do inglês color-magnitude diagram). Um exemplo de tal diagrama, com as muitas galáxias da notável Grande Muralha do Sloan, é mostrado na Figura 1.

Uma característica notável em um CMD (especialmente em aglomerados de galáxias) é a sequência vermelha: galáxias elípticas e vermelhas estão aglomeradas em uma região estreita do diagrama, cobrindo um grande intervalo em magnitudes, mas uma pequena região em cores. Essas galáxias deixaram de formam novas estrelas, de forma que seu brilho é dominado por estrelas velhas, gigantes ou supergigantes vermelhas. Portanto, há pouca variação em cor, independente do quão brilhantes ou massivas são as galáxias.
Os autores do artigo de hoje usaram imagens do Hubble Space Telescope para medir as cores e magnitudes de galáxias no aglomerado ClJ1446 (Figura 2). O que é novidade neste trabalho é que ClJ1446 está bastante longe para um aglomerado: tem redshift z=2, o que significa que estamos o vendo como ele era há cerca de 10 bilhões de anos!
Eles então construíram o CMD das galáxias no aglomerado distante (Figura 3). Todos os aglomerados desde redshift z=1 até hoje têm sequências vermelhas estreitas, como na Figura 1 acima. Mas estas observações mostram que esse não é o caso para o aglomerado em redshift z=2, cuja sequência vermelha é aproximadamente duas vezes mais larga que a maioria dos aglomerados recentes. Essas diferenças entre aglomerados no passado e no presente implicam que aglomerados estavam provavelmente ainda evoluindo significativamente nos 2,5 bilhões de anos entre redshift 1 e 2, mas não sofreram mudanças significativas desde então.
Original em inglês: Baby Photos of a Galaxy Cluster, por Ben Cook